Um Mundo Brilhante, por
T. Greenwood
Editora: Novo
Conceito
Páginas: 336
Quando o professor Ben Bailey sai de casa para pegar o
jornal e apreciar a primeira neve do ano, ele encontra um jovem caído e
testemunha os últimos instantes de sua vida. Ao conhecer a irmã do rapaz, Ben
se convence de que ele foi vítima de um crime de ódio e se propõe a ajudá-la a
provar que se tratou de um assassinato. Sem perceber, Ben inicia uma jornada
que o leva a descobrir quem realmente é, e o que deseja da vida. Seu futuro,
cuidadosamente traçado, torna-se incerto, pois ele passa a questionar tudo à
sua volta, desde o emprego como professor de História, até o relacionamento com
sua noiva. Quando a conheceu, Ben tinha ficado impressionado com seu otimismo e
sua autoconfiança. Com o tempo, porém, ela apenas reforçava nele a sensação de
solidão que o fazia relembrar sua infância problemática. Essa procura pelas
respostas o deixará dividido entre a responsabilidade e a felicidade, entre seu
futuro há muito planejado e as escolhas que podem libertá-lo da delicada teia
de mentiras que ele construiu.
Ben Bailey acorda num dia qualquer, logo após uma nevasca ter atingido Flagstaff. Ele vai buscar o jornal no quintal da casa, mas o que ele acha, entre a neve, é o corpo de um jovem índio navajo, ensanguentado, sem roupas de frio – e quase morto.
Quando Ben vai ao hospital visitar Ricky, o índio, na UTI,
conhece sua irmã, Shadi – como prefere ser chamada. Após a morte do garoto,
Shadi convida Ben para o enterro do irmão, que acontecerá numa cidade próxima –
e ele vai. E ele passa a se encontrar com a mulher mais frequentemente, porque
ele não consegue esquecê-la. Mas o que ele não esquece, também, é que tem uma
noiva em casa – Sara – esperando por ele, sempre.
Apesar de o noivado de Sara e Ben não estar em um momento
bom, eles ainda tem um compromisso. Mas Ben não mais se importa – ele só
consegue pensar na morte de Ricky, a injustiça de não investigarem o homicídio
mais a fundo, sua aproximação com Shadi, suas dúvidas quanto a casar-se ou não
com Sara, a morte de sua irmã Dusty e o vazio que ele vem sentindo desde então,
apesar de isto ter acontecido quando ele ainda era uma criança. Quanto o casal se muda para Phoenix, perto dos pais de Sara - sendo esta sua cartada final, como fica implícito -, Ben vê-se num
mundo que não parece ser o dele, e cabe a ele mudar o estado no qual ele se
encontra; cabe a ele decidir se quer continuar vivendo “sem viver”, apenas
deixando sua vida passar diante de seus olhos, sem fazer nada para mudá-la.
A leitura de “Um Mundo Brilhante”, como eu comentei nas
redes sociais do blog, é rápida. Ela flui. A autora tem um talento para
fazer-nos prestar atenção à narrativa, querer saber mais, nos envolver na
estória. Mas ao mesmo tempo ela parece não saber ao que dar mais foco – à morte
de Ricky, ao relacionamento de Ben e Sara, ao sentimento que Ben passa a nutrir
por Shadi... Ela vai mudando o foco, hora falando sobre um, hora falando sobre
o outro, e o leitor não sabe exatamente sobre o que ele quer saber mais –
apenas que ele quer continuar lendo.
“Um Mundo Brilhante” é o tipo de livro que parece ser muito
bom. Para mim, pelo menos. Parecia ter uma estória profunda, de superação, ou
de descoberta, algo assim. Mas eu apenas conheci as personagens, conheci a
estória, e não senti nada. Para ser justa, no começo eu senti raiva de algumas
personagens, mas depois, nem isso. Todos tem “desculpas”, todos fizeram coisas
boas e coisas ruins no decorrer do livro – o que faz com que eu, pelo menos,
não consiga sentir nem pena, nem raiva, nem admiração... Nada. Por nenhum
deles.
Acho que a Greenwood pecou no final, e bastante. O
acontecimento não foi necessário, porque não mudou muito a vida das personagens
principais – a situação já era ruim, piorar e melhorar só deixou-a do mesmo
jeito. Eu definitivamente não gostei do final, porque para mim, ele ficou muito
vago. Claro, uma decisão foi feita – Ben escolheu entre Shadi e Sara – mas não
era só isso que importava, e eu acho que a escritora simplesmente esqueceu do
resto.
O livro é dividido em cinco partes – Mundos Vermelho, Azul,
Amarelo, Preto e Branco e Brilhante –, apesar de a última parte ser tão pequena
que mal merece ser contada – mas é também a mais importante, então tudo bem,
ganha credibilidade. A diagramação da Novo Conceito ficou show, e a capa é
simplesmente linda, e tem tudo a ver com a estória. Eu encontrei alguns
errinhos de tradução, mas nada muito constante ou que atrapalhasse a estória.
Em resumo, o livro é bom, na média, mas não é “tudo isso”. Se tiver
oportunidade de ler, leia; se não tiver, não está perdendo tanto assim.
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